quarta-feira, 30 de maio de 2012

60 palavras

Eu estava sentada na frente do computador e a Laís andava pela casa explorando cada canto. Até que ela encontrou uma foto da nossa família, identificou o pai e disse pela primeira vez: "papai". Ela estava com 1 ano e 4 meses. A partir daí tenho presenciado um explosão linguística enigmática.

Essa semana estava lendo um livro sobre o desenvolvimento infantil, onde fui informada que até os 2 anos, o vocabulário da criança deve ter cerca de 60 palavras. Fiquei preocupada e como mãe muito curiosa que sou, comecei a anotar as palavrinhas que minha pequena usa intencionalmente. E assim, fiquei com a lista o dia todo, e cada vez que lembrava ou escutava uma palavrinha, registrava na minha contabilidade. A verdade verdadeira é que ainda não terminei a lista. Cada dia lembro de uma palavrinha, mas sei que você quer saber em que número estou agora, e aviso que acabo de chegar na palavra de número 60:"pipoca".

Ufa! Sessenta palavras ( por enquanto)! Claro que, fonéticamente falando, algumas sílabas são suprimidas e outras acrescidas, o que torna nossa comunicação uma verdadeira busca ao tesouro. Mas, depois que o mistério é desvendado, adiciono no meu vocabulário materno e pronto! Dessa maneira, "bochecha", vira "checha", "pipoca" vira "pcoca"... Algumas palavras por enquanto só possuem semântica, e por isso não foram contabilizadas, como "sisi", que não tem equivalência sonora com "suco", mas sei que é isso que ela deseja quando pronuncia. Recentemente, ela adicionou "obrigada" que traduzindo para o "Laisês" fica "bitato". Menina mais educada!

Pensando em toda essa questão linguística, não pude deixar de refletir na maneira em que nos comunicamos com Deus e como Ele se comunica conosco. Quando falamos com Ele através da oração, usamos e abusamos das palavras e nem sempre sabemos o que estamos pedindo. Mas nosso pai, conhece muito bem o nosso vocabulário, e se nos prostarmos diante dele sem usar nenhuma delas,somente com o coração contrito, Ele nos entende, porque Ele é mestre em desvendar mistérios de um coração que não sabe se expressar.

"...porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis." Romanos 8:26

sábado, 26 de maio de 2012

Dia de vacina

Desde a primeira semana de vida, meu esposo sempre segura a Laís para tomar as devidas imunizações. Nunca gostei de vê-la se contorcendo e gritando de dor. Com o passar do tempo essa tarefa fica ainda mais difícil, agora ela já reconhece o ambiente do ambulatório e quando vê alguém vestido de branco, começa a se desesperar.

Bem, medo à parte, fomos nessa semana levá-la para tomar a tal vacina da gripe. No momento de entrar na sala, o medo não permitiu que ela fosse para o colo do pai e grudou em mim, agarrando com braços e pernas. Fui escolhida dessa vez...

Que sensação horrível ver minha filha com medo, dor, chorando e eu ali tendo que segurá-la. No momento só pensei "vai logo moço" e enquanto abraçava seu corpinho trêmulo sussurrei no ouvido dela que eu estava ali, que não ia deixar ela sozinha, que era pra ela não ficar dodói e que estava doendo em mim também. Infelizmente, o desespero e a idade não permitiram que ela compreendesse o que eu disse e chorou mais ainda e gritou, gritou... e eu a abracei.

Descrevendo assim, parece que foram uns 10 minutos de sofrimento. Se você já passou por isso sabe que esse procedimento não passa de 3 minutos. Contudo,para qualquer pessoa que sofre, o tempo parece não passar, e a dor parece ser eterna. Quando levamos um agulhada da vida, reagimos como crianças em protesto. Algumas vezes até julgamos que o silêncio de Deus nesses momentos, revela que estamos sozinhos. Deus é o nosso pai, que vê nosso sofrimento e nos ajuda a passar por ele. Quando o desespero invade nossa alma e aflige nosso coração, só conseguimos nos manter em pé porque Ele está ali nos dizendo:"está difícil filho, eu sei, mas vai passar, eu estou aqui com você", mesmo que nossos gritos não nos deixem ouvir.

"Quando,passares pelas águas, estarei contigo..." Isaías 43:2

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Entre ensinar e aprender


Quando acordei naquele domingo, meu corpo já sinalizava que o milagre da vida estava para acontecer. Há 37 semanas eu havia sentido aquela sensação gostosa dela se movimentando dentro de mim, e agora estava prestes a ver seu rostinho. Chegamos no hospital às 10 da manhã e por volta de 12:20, minha filha Laís nasceu de forma natural, com 2.960 kg e 48 cm de maneira inesquecível. Isso foi em 23 de maio de 2010. Mas, jamais esquecerei o hálito gostoso que exalava da sua boquinha, a textura da pele sensível e o calor que sentia quando a segurava junto a mim para amamentar.

Hoje, ela se despede do status de bebê e de acordo com minha nomenclatura, passa para o status de princesa. E como é gostoso ver essa princesa se desenvolver, desde o primeiro sorriso, o primeiro dentinho, a primeira papinha, o dia que aprendeu a sentar, as primeiras palavras.... Muitas coisas ela aprendeu, e hoje, cerca de 1500 fraldas depois, posso dizer que eu fui a grande aprendiz.

Fazem dois anos que passei a compreender mais o amor de Deus de uma maneira muito real. Fazem dois anos que minha alimentação mudou a fim de ensinar a ela o que faz bem para saúde (deixar de comer chocolate, como eu comia, foi uma delas!).

Nesse tempo, deixei o trabalho para me dedicar a ela, deixei de acordar tarde, porque ela me desperta, deixei de assistir certos programas que não fariam bem a ela, e também porque os Dvds dela não deixam muito tempo para eu assistir o que quero. Fazem dois anos que aprendi o valor dos lugares com trocadores ou parquinhos, ou pelo menos cadeirinha de refeição. Fazem dois anos que as vitrines de lojas infantis me chamam mais atenção do que as das lojas adultas e as sandálias que compro diminuíram de tamanho. Fazem dois anos que meus beijos se tornaram remédio contra machucados, e  que descobri que meus braços podem suportar mais peso do que eu pensava e por um tempo indeterminado.

Fazem só dois anos... E quanta coisa aprendi! Minha princesa é pequena no tamanho mas, tem Phd na área de ensino materno. Algo tão inexplicável assim, só poderia ser inventado pelo Mestre dos mestres. Ele é o mestre da didática, porque nessa vida temos muito que aprender. Comigo, ele me fez mãe, para aprender que o amor tem uma força muito maior da que eu conhecia, que meus limites eram muito insignificantes e que o amor Dele por mim supera tudo isso. Somos todos alunos nesta vida....

Que outros momentos marcantes possam acontecer na vida dela, sem pressa é claro, porque quero tê-la como criança por um bom tempo ainda!

Celebrar a vida da minha filha, é celebrar o amor de Deus. Obrigada Senhor!!
Parabéns princesa da mamãe, amo você, muitão assimm!

"Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco!"

 1 Tessalonicenses 5:18


domingo, 20 de maio de 2012

É só bater!

Nos fins de semana, nossa rotina fica mais agitada, já que o papai tem mais atividades. Hoje, não foi diferente, começou com reuniões, programa de rádio, e ainda tem mais  à noite com a programação da Semana da Família que está começando.
Isso requer um tempo maior de estudo e preparação no escritório. Assim, estava ele compenetrado, no seu reino silencioso, e eu preparando o almoço. E a Laís? Bem, eu cortava os temperos quando ouvi ela dizer: "Paiiii, papaiii, paiii..." numa sequência insistente típica do ceguinho Bartimeu. Somado ao seu apelo vocal, ela batia na porta. Como estava de olho nas panelas, retardei minha intervenção um instante, na intenção de logo distraí-la e deixar o papai trabalhar. Eu sabia que ele estava com muitas coisas para fazer e não atenderia o pedido da sua filha.
Assim que me libertei da cozinha, fui até o escritório, que estava com a porta aberta e a nossa pequena a revirar os livros e futricar nas caixas com os materiais do papai, feliz da vida. "O papai não resistiu e abriu a porta?" pergunto surpresa. Ele sem piscar, na frente do computador, mas com cara de compadecido, sorriu e disse que não conseguiu. E a Laís ficou por ali, por entre as pernas do pai, brincando, como se estivesse no melhor lugar do mundo.
Voltei para minha cozinha, a fim de terminar o almoço, mas Deus me mostrou, que com Ele é a mesma coisa: se eu pedir e bater, Ele vai sempre me atender, não importa o que Ele esteja fazendo. Ele está ali é só chamar, que o nosso pai nos ouve como se fôssemos crianças querendo simplesmente ficar perto do pai, e assim descobrimos qual é o melhor lugar do mundo.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quem não ajuda... Não atrapalha!

A habilidade cooperativa está aflorando na vida da Laís. Separando as roupas por cores para lavar, luto com sua insistência em colocar as de cor com as brancas.Ela sente prazer em me ajudar a recolher as roupas do varal, mesmo que metade delas caiam no chão. Quando vou dobrá-las, faz questão de me avisar a cada peça que dobro, que é da "aísss" e também me ajuda a dobrar fazendo bolinhos das peças. Quando aviso que vou limpar o chão, prontamente começa a recolher seus brinquedos e colocá-los na caixa, ainda que ganhem esse destino meus utensílios, que de maneira estranha foram parar no meio de seus brinquedos. Como se não bastasse tamanha vontade em colaborar, ela ergue os tapetes e remove tudo que possa atrapalhar minha tarefa de deixar a casa minimamente apresentável. É claro, ela remove tudo inclusive os tapetes sujos para cima do sofá.
Hoje, especialmente ela ajudou o pai a colocar o lixo para fora, não preciso dizer que mesmo se tratando de uma atividade extremamente educativa, foi uma comédia! É... minha pequena está cada dia mais surpreendente. Em todos os meus afazeres aceito a prontidão que ela me oferece, mesmo que isso custe o dobro de tempo que eu gastaria se fizesse sozinha. Mesmo que eu tenha que lavar algumas peças de novo ou que tenha que limpar o sofá e recolher o controle remoto de dentro da caixa de brinquedos. E torço para que sua solidariedade não se desfaça com o passar do tempo. É tão gostoso olhar seus olhinhos contentes quando está me ajudando... Mais interessante é que ela não tem nem noção de que está fazendo tudo errado!
A verdade é que já passei por isso também. Não que me lembre disso na infância, mas agora como adulta.Quantas vezes já me peguei querendo ajudar a Deus, achando que conseguiria, mas no fim só consegui atrapalhar tudo. Quantas vezes agi como uma criança sem noção, crente de que EU sei , EU consigo, Eu posso... Me sinto aliviada em saber que Deus está sempre disposto a consertar minha arrumação, a limpar o que eu acho que já limpei, e mesmo que Ele tenha trabalho dobrado comigo, Ele fica feliz quando aprendo e continua me amando. Deus conhece o todo, eu só conheço uma miníma parte.Ele me conhece melhor do que eu mesma.
"Senhor, tu me sondas e me conheces. Tu conheces o meu sentar e o meu levantar. De longe entendes o meu pensamento.Esquadrinhas o meu Andar, e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos. Tal conhecimento é maravilhoso demais pra mim, elevado é, não o posso atingir.Eu te louvarei por que...maravilhosas são as tuas obras..." Salmos 139:1,2,6 e 14.

domingo, 13 de maio de 2012

Começando no dia das mães: uma homenagem à minha mãe!

Desde que minha filha Laís nasceu, ensaio maneiras de registrar o seu crescimento e as lições que me traz. A verdade é que quando se tem um ser tão carente de cuidados pela primeira vez, nossas atenções não tem outra parada, nossas energias se voltam para cuidar e amar esse presentinho que Deus nos enviou para aprendermos lições preciosas para nossa vida.
Agora, sim! Decidi neste dia singular para toda mãe, revelar as descobertas que tenho feito através desses dois anos. E para começar quero registrar minha homenagem àquela que me inspira todos os dias, quando minhas decisões maternas são solicitadas: minha mãe, a dona Vera.
Vejo minha mãe todos os dias, embora o paradeiro dela sempre seja indeterminado pelas necessidades do labor de cada dia, consigo vê-la quando educo minha filha. Seja no carinho, nos beijinhos, seja na correção firme que me é exigida. E nessa me lembro muito bem, que não me era aplicada sem lágrimas. Minha infância foi repleta de atividades cheias de adrenalinas, como subir em árvores, fugir pra casa da vizinha quando ela dormia o sono da tarde e até consegui derrubar o lustre da sala, que não foi reposto até hoje, por sinal.
Minha mãe nunca deixou de me corrigir, mesmo que isso parecesse doer mais nela do que em mim. Todo episódio corretivo(naquela época ainda podia se dar uma chinelada),minha mãe chorava e dizia que aquilo era para o meu bem. Claro que eu não conseguia entender: eu apanhava e ela é que chorava!?
Pois bem,eu não entendia até que a maturidade me cercasse e me fizesse entender que ser filho é fácil, difícil é ser mãe. Se uma mãe com suas limitações sabe o que é melhor para o filho, mesmo que ele passe pela dor e não compreenda isso no momento, imagino o que Deus, onipotente, onisciente e onipresente tem planejado para cada um de seus filhos. Ele cuida de todos nós com tamanho amor que transcende nosso entendimento.
"Porventura,pode uma mulher esquecer-se tanto seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que ela se esquecesse dele contudo,Eu não me esquecerei de ti! Eis que nas palmas das minhas mãos Eu te gravei." Isaías 49:15-16.
Feliz dia das mães para todas as mamães!Obrigada mamãe!